Marilena Chauí (apud, Bittar, 2004, p. 56)
As palavras de Chauí demonstram o quanto o homem perdeu seus padrões éticos, transformando a vida em uma existência de riscos. Esse novo período no qual a ética se torna relativizada alterou profundamente quatro grupos fundamentais de relações humanas: as relações intersubjetivas, sociais e familiares; as relações econômicas; as relações políticas; e, também, as relações jurídico-sociais.
No plano das relações intersubjetivas, sociais e familiares, constata-se o surgimento de um período de marcante indiferença pelo outro indivíduo, no qual as pessoas não conseguem orientar claramente suas vidas e seguir valores. A verdade passa a ser relativizada, assim como a convivência familiar perde espaço para os instrumentos tecnológicos (ex.: televisão e internet). A imagem feminina é vulgarizada para satisfazer a libido masculina. As pessoas passam a assimilar conceitos e pensamentos preestabelecidos e massificados, sem a adequada meditação. Artistas e indivíduos ligados à mídia são mitificados e idolatrados. As relações humanas são marcadas pela intolerância às diferenças e a sociedade se torna imediatista, pois as pessoas dão mais valor para os bens perecíveis ou de pouca duração (ex.: drogas, álcool, culto ao corpo etc.).
No plano das relações econômicas, a relativização da ética, oriunda principalmente dos efeitos causados pelo capitalismo, estabeleceu a mercantilização dos prazeres (ex.: sexual, diversão e outros), assim como também as coisas e as pessoas passaram a ser mensuradas pelo que elas valem materialmente. O fetiche capitalista apontado por Marx se intensifica, pois o consumo cresce cada vez mais e faz com que as pessoas tenham “necessidades imaginárias”, além de criar uma sensação de “vazio” (...).
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