Modernidade é um tempo e um conceito. Quais as principais características dessa tal de modernidade: a crença no poder absoluto da razão (o homem como sujeito consciente e racional a caminho da emancipação), o culto do progresso, a ideia de que, por força da racionalidade, o mundo avançava sempre para o melhor e, principalmente, a certeza de que a natureza, considerava uma fonte de recursos inesgotáveis, devia ser subjugada pelos homens. A produção, nesse sentido, estava acima de qualquer cuidado com proteção do meio ambiente. Afinal, a natureza teria um poder de regeneração acima de qualquer estrago.
É isso tudo que a chamada pós-modernidade pôs em xeque. Freud e Nietzsche já haviam ferido nosso ego: o homem não age sempre consciente, forças das quais não tem consciência, o dominam e impulsionam, a verdade pode ser uma ilusão.
Outra ferida que não cicatriza é a descoberta de que o homem não é senhor absoluto da natureza e que este tem limites. A ciência, como mostra Edgar Morin, faz descoberta que geram progresso, mas também pode abrir caminho ao retrocesso e à barbárie. A energia nuclear é um exemplar irrefutável dessa afirmação.
O conflito entre produção a qualquer custo e proteção à natureza opõe esquematicamente os modernos, para os quais a economia está acima de qualquer coisa, e os pós-modernos, mesmo que muitos não se reconheçam nesse rótulo, convencidos que precisamos de uma nova equação capaz de dar conta das necessidades sempre maiores de produção e da imperativa obrigação de salvar e regenerar o planeta esfalfado.
Pode-se garantir comida sem devorar a galinha dos ovos planetários. Mas o ovo não virá no mole.
Releitura de um artigo de Juremir Machado da Silva.
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