Durante décadas os cientistas  “torceram o nariz” para a idéia de que nossas experiências de vida  (pensamentos, sentimentos, sensações, fatos, etc) eram capazes de moldar  o funcionamento do nosso corpo, particularmente da mente.
Atualmente milhares de experimentos têm demonstrado que isto acontece em uma intensidade altíssima.  Nossa vida molda nosso corpo em todos os níveis, inclusive molecular. Pode adoecê-lo ou curá-lo.
Aqui no Blog Psicologia Racional, já  coloquei muitos textos que mostram a importância da nossa atividade  cotidiana para produzir bons ou maus resultados no nosso corpo e mente.  O  texto reproduzido mais abaixo, extraído da revista Ciência Hoje (nº  285), descreve de modo simples a interação entre mente, corpo, genética e  bem estar. São vários níveis que se interrelacionam e formam a vida  humana.
No meu consultório, para agir  intensamente sobre o corpo, induzo os pacientes a estados alterados de  consciência e também uso de treinamentos mentais.  Outros recursos também estão disponíveis, e todos aqueles que produzirem uma melhora duradoura e transformadora são valiosos.
O texto se chama “Todos tem ansiedade.  Então, quando é um transtorno?” Transcrevo um trecho abaixo:
“O estudo da ansiedade tem  progredido a passos largos, graças ao mapeamento, por técnicas de  neuroimagem, de estruturas-chave envolvidas no processamento das  informações emocionais no cérebro. Nesse contexto, a ansiedade  patológica pode ser vista como o resultado da superativação de certas  regiões do cérebro.
É surpreendente imaginar que a  propensão a disfunções psiquiátricas como os transtornos de humor e de  ansiedade pode ser em grande parte determinada no início da vida.  Eventos iniciais no desenvolvimento de um feto ou bebê podem levar a  pessoa a ter, ao longo da vida, uma tendência de expressar maior  ansiedade em resposta a um estímulo ameaçador. Fatores genéticos capazes  de reduzir a resposta do cérebro ao neurotransmissor serotonina, por  exemplo, podem aumentar a probabilidade de um indivíduo desenvolver  transtornos de ansiedade ao ser exposto a experiências traumáticas.
Animais que sofrem situações  traumáticas no início do desenvolvimento, como separação materna ou  fome, exibem maior tendência a desenvolver transtornos ansiosos na idade  adulta e apresentam alterações fisiológicas como diminuição do hipocampo,  estrutura cerebral importante para a formação de memórias. Isso também é  constatado em diferentes estudos com crianças que sofreram abuso  (físico, emocional ou sexual), presenciaram violência ou viveram eventos  de separação duradoura e perda. Tais crianças têm um hipocampo menor e redução na produção de serotonina, e  em geral desenvolvem algum tipo de transtorno de ansiedade. Uma  explicação plausível, embora não existam evidências conclusivas, é a de  que o hipocampo é mais suscetível às influências do ambiente no início  do desenvolvimento e de que a redução dessa estrutura cerebral  resultaria, entre outros fatores, da presença de altos níveis de  cortisol (o famoso hormônio do estresse) na corrente sanguínea.
Por  outro lado, estudos mostram que animais estimulados positivamente no  início da vida pós-natal têm menor propensão à ansiedade. Ratos de  mães ansiosas, mas criados por mães que exibem maior comportamento de  lamber os filhotes (comportamento relacionado a menores níveis de  ansiedade) passam a exibir menor ansiedade, ao contrário dos irmãos  biológicos criados pela mãe ansiosa, que lambia pouco. Os efeitos  moleculares desse fenômeno são impressionantes:  o  comportamento materno é capaz de ligar ou desligar a expressão de  determinados genes, o que influencia diretamente o comportamento da  prole. Esses estudos são chamados epigenéticos e representam  uma mudança radical em pensamentos científicos anteriores, pois  evidenciam que a genética é aberta à influência ambiental.
Outras experiências positivas no início da vida também são capazes de trazer repercussões moleculares importantes.  Alguns exemplos de resultados são um menor número de receptores para o  cortisol, aumento do número de ligações entre neurônios (sinapses) no  córtex cerebral e no hipocampo e aumento nos níveis de uma molécula  chamada “fator neurotrófico derivado do cérebro' (BDNF, na sigla em  inglês). Essa molécula é liberada pelos próprios neurônios e os ajuda a  crescer, a se multiplicar, a fazer novas sinapses e a sobreviver. 
Mas por que algumas pessoas têm  maior resistência a desenvolver transtornos de ansiedade, mesmo quando  expostas a situações traumatizantes? Uma das respostas, em termos  biológicos, pode estar nessa molécula, o BDNF. Ela ajuda a regular a  chamada plasticidade sináptica - a capacidade dos neurônios de alterar a  forma de interação com outros, fenômeno envolvido nos processos de  aprendizagem e memória, em especial na aprendizagem do medo e em sua  extinção. A diminuição dos níveis de BDNF ou alterações na seqüência de  aminoácidos dessa proteína têm sido relacionadas a uma menor extinção de  memórias aversivas ou traumáticas em humanos, o que estaria relacionado  a transtornos de ansiedade.
Comentário:  O processo terapêutico que usa Estados Alterados de Consciência serve justamente para ajudar pessoas que possuem maior dificuldade de  elaborar e resolver seus traumas, seja por uma dificuldade molecular,  por ter fragilidade egóica, por existirem outros distúrbios mentais  consorciados, condicionamentos, etc.  Um dos grandes problemas dos estudos biológicos é que para realizarem as pesquisas são escolhidas poucas variáveis, e  a vida real do ser humano é o oposto disto, possui uma quantidade MUITO  grande de variáveis. Por isto, eles demoram décadas para chegar à  conclusões básicas. 
Pense no mal que determinados remédios podem causar. A ansiedade é a superativação de determinadas áreas do cérebro. Existe algo moldando, gerando e mantendo esta superativação. Os remédios atuam sobre as conseqüências, e não na causa. O tratamento é  pouco eficiente. É por isto que no meu consultório vivo recebendo  pacientes que tomam remédios por anos e anos, não curam e pouco  melhoram.  Esta perda de tempo  faz a estrutura mental do paciente se moldar e se organizar sob a  influência da patologia, dificultando a melhora.
É importante lembrar que a ansiedade é apenas uma parte desta estrutura mental. 
Por Regis Mesquita, no blog:
 http://www.psicologiaracional.com.br/2011/10/exemplo-de-como-nossas-experiencias-de.html 

0 comments:
Speak up your mind
Tell us what you're thinking... !