Recebi os "milésimos" pais reclamando da desatenção dos filhos. Uma das minhas obrigações é saber a rotina diária.
Desde criança ficam durante horas  na frente da TV. Esta é a característica mais marcante. São adolescentes  e crianças que conseguem manter atenção em algumas coisas que os  atraem, mas não conseguem manter se não há a atração.
Parte desta dificuldade está ligada a questão da intolerância à frustração.
Outra parte está ligada ao de estímulo que chega ao cérebro com a Tv. Neste caso o menos importante é o conteúdo e o mais importante a rapidez de mudanças dos estímulos que chegam da televisão. 
A mente do ser humano se adaptou a  milhões de anos de vida em ambiente rural, com estímulos lentos. O tempo  de acontecer as coisas eram muito lentos. Em um texto de história  encontrei a informação de que a notícia do fim da escravidão demorou  mais de dois ANOS para chegar a alguns lugares do Brasil. Lembro que na  minha infãncia havia o tempo das mangas, para comer manga tínhamos que  esperar os meses certos. Enquanto esperava, comia o que era a fruta da  época. A mente, portanto, lidava com uma quantidade de estímulos e  informações muito menor - que era compensada pela importância da vida  social, lotada de trocas. 
Com menos estímulos a mente consegue funcionar melhor. Basta você se lembrar de quando você fica "com a cabeça fervendo de preocupação". Uma das reações de quem está com excesso de estímulo é o desânimo, desestímulo e, principalmente, a alienação. A alienação funciona como um "desligar de parte da mente". 
A criança senta na frente da Tv e  recebe estímulos que são emitidos em uma velocidade impressionante para o  cérebro. O som alto, a quantidade de cores e os temas excitantes servem  para prender a atenção, enquanto que o corpo é largado e a mente  parcialmente "desligada". 
O primeiro treino, que gera o vício  da tv, é precisar de estímulos fortes (cores, luminosidade, etc.)  e temas excitantes, para prender a atenção.
O segundo treino que gera o vício é o costume/condicionamento de alienação ("desligamento" parcial do cérebro). 
Quando esta criança encontra um  livro é complicado. O processo de leitura é lento, ele deve "criar" os  personagens em sua mente, os estímulos são muito menores. Dá tempo para  refltir, pensar, supor, deduzir, ter intuição. Há tempo, e este tempo é uma fonte de desestímulo para um cérebro que vai se desacostumando a SER EXIGIDO.
A criança cresce  e vira adolescente, sempre treinando a alienação durante muitas horas  por dia. Quando chega à vida adulta está treinadíssimo em ficar  alienado e desatento. 
Qual a solução? Limitar a tv,  vídeo-game e computador (laser) a pouquíssimo tempo por dia. (Obs: no  caso de computador há atividades muito interessantes, mas raramente  usadas).
O tempo máximo de exposição de uma criança/adolescente à uma tv deveria ser de uma hora/dia. 
No quesito atenção, a criança tem  que ser treinada a viver em um ambiente onde há silêncio e estímulo para  concretizar. Concretizar significa fazer as coisas - se for comida:  descascar, planejar a feitura da comida, testar novos ingredientes, etc.  Pode ser futebol, soltar pipa ou outra atividade qualquer, desde que  seja concreto. O concreto diminui o rítmo dos estímulos e os obriga a  usar a mente em maior intensidade. Além de obrigar a usar o corpo,  desenvolver coordenação, desenvolver a inteligência emocional, etc.
Por fim, gostaria de dizer que este  traço alienado/desatento, está produzindo uma legião de preguiçosos  derrotados na classe média. Mais de 30% dos adultos jovens estão nesta  categoria. Sem esperança, com empregos ruins ou desempregados, "sem  garra", sem criatividade, etc. Muitos deles ficam em casa sem fazer  nada; quer dizer, ficam na frente da tv - fazem como adultos exatamente o  que treinaram como crianças.
Por  Regis Mesquita, no blog:
http://www.psicologiaracional.com.br/2011/05/adolescente-desatento-televisao-e.html#more

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