"Os ventos da mudança estão rondando a sociedade atual não de agora e em alta velocidade. Estamos em plena transição de paradigmas: tudo é processo novo sobre velhos objetos e o novo convive ainda com o velho, que tem data para morrer. E há pouca consciência disso. Para Morin "paradigmas são “princípios supralógicos de organização do pensamento [...] princípios ocultos que governam a nossa visão das coisas e do mundo sem que disso tenhamos consciência” (2007).
Vivemos uma transição complexa, muito além da chamada sociedade da informação. Isso porque esta é consequência daquela transição, de um modelo linear e cartesiano de pensar e ver o mundo, para um paradigma da complexidade que ao mesmo tempo reune e distingue o que separou-se e dicotomizou-se (herança dos gregos).
O paradigma cartesiano-newtoniano postula a racionalidade, a objetividade e a medição como únicos meios de se chegar ao conhecimento. A consequência é que estamos rodeados e programados para aceitar e realizar toda espécie de reducionismo.
São várias as transições para uma visão holística e complexa de mundo:
Da afirmação constante da certeza à legitimação e diálogo com a incerteza;
Do heterocontrole à auto-organização;
Da ordem planejada hierarquicamente à ordem emergente;
Da medição e domínio da natureza e toda realidade à convivência com o ambiente;
Da competição à cooperação." (ROVER, A J)
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo, Porto Alegre, Sulina, 3ª ed. 2007.
Segue uma música de Gilberto Gil que toda a essa mudança de paradigma que está ocorrendo de forma lenta no relógio humano, mas que no calendário cósmico está ocorrendo de forma muito rápida.
A música fala do alma masculina e suas caraterísticas que determinaram a cultura como ela é hoje; bélica, de competição desenfreada, individualista e pouco aversa ao coletivo e cuidados com o próximo. Em seu lugar o texto acima e a música de Gil nos remete a uma nova sociedade que se apresenta com alma feminina; mais leve e harmoniosa, menos bélica e mais coletivamente agregadora, menos racional e mais emotiva (sentimentos), menos objetiva e mais subjetiva.
Feliz Natal e boas reflexões.
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