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Logocentrismo Falocrático

"O pós-modernismo faz a opção pela contingência. E, com ela, opta pelo fragmentado, efêmero, volátil, fugaz, pelo acidental e descentrado, pelo presente sem passado e sem futuro, pelos micropoderes, microdesejos, microtextos, pelos signos sem significados, pelas imagens sem referentes, numa palavra, pela indeterminação que se torna, assim, a definição e o modo da liberdade. Esta deixa de ser a conquista da autonomia no seio da necessidade e contra a adversidade para tornar-se jogo, figura mais alta e sublime da contingência. Mas essa definição da liberdade ainda não nos foi oferecida pelo pós-modernismo; está apenas sugerida por ele, pois definir seria cair nas armadilhas da razão, do universal, do logocentrismo falocrático ou de qualquer outro monstro que esteja em voga. Donde o sentimento de que vivemos uma crise dos valores morais (e políticos)".
Marilena Chauí (apud, Bittar, 2004, p. 56)

As palavras de Chauí demonstram o quanto o homem perdeu seus padrões éticos, transformando a vida em uma existência de riscos. Esse novo período no qual a ética se torna relativizada alterou profundamente quatro grupos fundamentais de relações humanas: as relações intersubjetivas, sociais e familiares; as relações econômicas; as relações políticas; e, também, as relações jurídico-sociais.

No plano das relações intersubjetivas, sociais e familiares, constata-se o surgimento de um período de marcante indiferença pelo outro indivíduo, no qual as pessoas não conseguem orientar claramente suas vidas e seguir valores. A verdade passa a ser relativizada, assim como a convivência familiar perde espaço para os instrumentos tecnológicos (ex.: televisão e internet). A imagem feminina é vulgarizada para satisfazer a libido masculina. As pessoas passam a assimilar conceitos e pensamentos preestabelecidos e massificados, sem a adequada meditação. Artistas e indivíduos ligados à mídia são mitificados e idolatrados. As relações humanas são marcadas pela intolerância às diferenças e a sociedade se torna imediatista, pois as pessoas dão mais valor para os bens perecíveis ou de pouca duração (ex.: drogas, álcool, culto ao corpo etc.).

No plano das relações econômicas, a relativização da ética, oriunda principalmente dos efeitos causados pelo capitalismo, estabeleceu a mercantilização dos prazeres (ex.: sexual, diversão e outros), assim como também as coisas e as pessoas passaram a ser mensuradas pelo que elas valem materialmente. O fetiche capitalista apontado por Marx se intensifica, pois o consumo cresce cada vez mais e faz com que as pessoas tenham “necessidades imaginárias”, além de criar uma sensação de “vazio” (...).

http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11655


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